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Chapter 4 - Mana

Leonard Everhart

No dia seguinte, a dor ainda percorria meus músculos quando acordei naquela manhã. Cada movimento era um lembrete do treinamento intenso dos últimos dias. Meus braços pesavam, minhas pernas estavam rígidas, e até mesmo respirar parecia exigir mais esforço do que o normal.

Mas, apesar do cansaço, minha determinação não enfraquecera.

Eu havia dado um primeiro passo no uso da mana, sentindo sua energia fluir dentro de mim e fortalecer meu corpo por breves momentos. Porém, sentir a mana e controlá-la eram coisas completamente diferentes.

E hoje, Sir Aldrich me ensinaria isso da pior, ou melhor, maneira possível: no combate.

O sol ainda se arrastava pelo horizonte quando cheguei ao campo de treinamento. O ar frio da manhã me ajudou a despertar por completo, trazendo uma leve ardência ao rosto.

Sir Aldrich já estava lá, como sempre, girando uma espada de madeira entre os dedos com uma expressão impassível. Seus olhos me analisavam rapidamente antes de parar o movimento e falar:

"Está pronto?"

Sua voz era firme e sem hesitação. Ele nunca esperava desculpas ou insegurança. Apenas respostas diretas.

Assenti, e ele me arremessou uma espada de treino. Peguei-a no ar e ajustei a empunhadura, sentindo o peso familiar da madeira nas mãos.

"Se quer aprender a usar a mana para fortalecer seu corpo, então a melhor forma de aprender…" Ele ergueu a espada e me encarou. "… é lutando."

Meu coração bateu mais forte. Eu já esperava algo assim, mas ouvir em voz alta fazia a realidade parecer mais intensa.

Aldrich deu um passo à frente, posicionando a espada com calma.

"Hoje, seu objetivo é simples: me acertar. Se não usar a mana direito, eu não vou pegar leve."

Engoli seco. Ele estava falando sério.

Mas não hesitei. Ajustei minha postura e fechei os olhos por um instante.

Respirei fundo.

Senti a mana dentro de mim, quente e pulsante, como um fluxo de energia invisível. Eu precisava canalizá-la, usá-la corretamente, controlá-la em vez de apenas senti-la.

Abri os olhos e avancei.

Meu primeiro golpe foi direto ao torso dele. Minha espada cortou o ar… e encontrou apenas o vazio.

Aldrich deslizou para o lado com uma facilidade irritante e, antes que eu pudesse reagir, sua espada atingiu meu ombro.

A dor percorreu meu braço, e eu cambaleei para trás.

"Muito lento," ele disse, sem alterar o tom de voz.

Cerrei os dentes e ataquei de novo, tentando variar os golpes, testando diferentes ângulos. Mas era inútil.

Cada investida era desviada ou bloqueada com precisão. Aldrich se movia como se soubesse exatamente o que eu faria antes mesmo de eu agir.

Então, no momento em que tentei um novo golpe, senti uma dor aguda no abdômen.

Antes mesmo de entender o que aconteceu, já estava caindo no chão.

Aldrich não parecia satisfeito nem decepcionado. Apenas observava.

"Você está apenas espalhando sua mana pelo corpo sem controle algum. Isso não é fortalecimento, é desperdício."

Respirei fundo e me forcei a levantar, ignorando a dor.

"Então como devo usá-la?"

Aldrich cruzou os braços e apontou para as próprias pernas.

"O segredo está no controle. Deixar a mana fluir sem propósito não ajuda em nada. Você precisa direcioná-la nos músculos certos, no momento certo."

Fechei os olhos novamente, tentando absorver suas palavras.

Dessa vez, respirei mais devagar, tentando sentir a mana se movendo dentro de mim. Em vez de deixá-la se espalhar, foquei apenas nas pernas.

O calor percorreu minhas coxas e panturrilhas. Meu corpo pareceu mais leve, meus músculos mais responsivos.

Abri os olhos.

Aldrich já estava em posição.

"Agora, tente de novo."

Avancei.

Dessa vez, fui mais rápido. Minhas pernas responderam melhor, e Aldrich teve que dar um passo para trás.

"Melhor." Ele disse, desviando do próximo golpe.

Continuei atacando, sentindo minha movimentação fluir com mais leveza.

Mas, por mais que estivesse melhorando, ele ainda era muito superior.

E, no fim, bastou um movimento.

Com um único golpe, ele desarmou-me, jogando minha espada para longe antes de bater o cabo da própria arma contra meu peito.

O impacto me derrubou.

Senti o chão frio sob minhas costas e respirei pesadamente, tentando ignorar a dor.

Aldrich olhou para mim e assentiu.

"Você está no caminho certo. Mas sua mana ainda é instável. O tempo de uso foi curto, e você precisa fortalecê-la."

Apoiei-me nos joelhos, tentando recuperar o fôlego.

"Como faço isso?"

Ele sorriu de canto.

"Prática. Muita prática."

Mesmo com o corpo protestando, levantei-me.

"Então, vamos mais uma vez."

Ele arqueou a sobrancelha, mas logo girou a espada nos dedos e assumiu posição de combate.

"Você tem garra, garoto. Vamos ver até onde aguenta."

E assim continuamos.

O treinamento se estendeu por horas.

Cada vez que eu caía, me levantava. Cada erro, tentava corrigir.

Aos poucos, comecei a entender o fluxo da mana.

Não bastava apenas senti-la. Eu precisava controlá-la. Canalizá-la no momento exato.

Se Aldrich me atacava, eu reforçava os braços para bloquear. Se precisava me mover rápido, concentrava a energia nas pernas.

No início, a mana escapava do meu controle sempre que eu me distraía. Mas, com cada tentativa, aprendia um pouco mais.

No fim do treino, meu corpo estava exausto, coberto de suor e dores.

Mas, pela primeira vez, senti que havia dado um passo real.

A mana era uma ferramenta poderosa, mas dominá-la exigiria mais do que força física.

Exigiria paciência. Controle.

Disciplina.

E eu estava disposto a pagar esse preço.

O céu já estava tingido de laranja quando saí do campo de treinamento. Meus músculos doíam, mas minha mente estava mais determinada do que nunca.

Eu daria um jeito de superar esse obstáculo.

Porque esse era apenas o começo do meu verdadeiro caminho como guerreiro.

Enquanto caminhava para fora do campo de treinamento, minha mente se perdeu por um momento. Lembrei-me da vida passada, das batalhas que lutei, das ordens que dei. Naquela época, eu era um general. Comandava exércitos, tomava decisões que decidiam o destino de centenas, talvez milhares.

Meu corpo era forte, minha técnica afiada. Mas agora... agora eu era apenas um aprendiz, alguém que ainda tropeçava ao tentar fortalecer as próprias pernas com mana. A diferença entre o que fui e o que sou era esmagadora.

Mas isso não era um fardo. Era uma chance.

Na vida passada, minha força não foi suficiente. No final, fui derrotado, traído e deixado para morrer. Desta vez, eu me tornaria mais do que um guerreiro. Mais do que um comandante. Eu encontraria um caminho para o verdadeiro poder.

E não cometeria os mesmos erros.

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