A tensão na caverna era quase palpável. O ferreiro, ainda à beira de um desmaio, observava o intercâmbio bizarro entre o garoto e o dragão ancestral. "Vovô Drako"... "Raio de sol"... O que diabos estava acontecendo?
Drako, o imponente dragão, inclinou sua cabeça maciça, seus olhos brilhantes analisando os sacos de minério. Sua expressão dracônica era difícil de decifrar, mas a fúria inicial havia desaparecido, substituída por algo que parecia... divertimento?
"Minério de Dragão-Ferro e Cristais de Éter Reforçado, você diz?" Drako retumbou, sua voz agora mais um ronronar profundo do que um rugido. "Hmph. Para uma bainha desta lâmina peculiar... compreensível. E os outros, o Adamantium, o Vibranium, o Uru... você os deixou, apesar de saber o valor deles. Isso é... admirável, para um humano."
Naruto inflou o peito. "Claro, Vovô Drako! A gente só pegou o que precisava. E o ferreiro disse que é um segredo, né? Ninguém mais pode saber dessa mina! É só nossa... e sua, claro!"
O ferreiro engoliu em seco. "Sim, senhor Dragão! Juro pela minha bigorna que este lugar é um segredo entre nós três!"
Drako soltou uma risada baixa, um som que fez a caverna vibrar de um jeito agradável. "Ah, pequeno raio de sol. Você sempre me surpreende. Sua inocência, e sua determinação... são como um farol."
Ele se moveu, suas patas massivas se arrastando suavemente no chão de pedra, aproximando-se de Naruto. O ferreiro estremeceu, mas Naruto não demonstrou medo.
"Então, você se lembra de mim, não é?" Drako perguntou, aproximando seu focinho enorme do rosto de Naruto. O hálito do dragão era quente e cheirava a pedra e faíscas.
Naruto riu. "Claro que sim, Vovô Drako! Você sempre me assustava quando eu era criança, mas depois me dava umas frutas brilhantes! E você me ensinou a atirar umas pedrinhas bem longe!"
O ferreiro piscou. Frutas brilhantes? Pedrinhas? O que era essa história?
"Sim, os tempos em que você era apenas um pirralho curioso, se esgueirando por aqui," Drako respondeu, e um brilho nostálgico passou por seus olhos. "Eu vi você crescer, pequeno raio de sol. Suas visitas eram as únicas que quebravam a monotonia da minha vigília. E eu sempre soube que você tinha um brilho especial, uma alma que, como o sol, irradia energia e vitalidade."
Ele afastou a cabeça, e sua voz se tornou mais séria, mas ainda com uma pontada de carinho. "Muito bem. Por nossa... amizade, e pela sua honestidade, permitirei que levem esses materiais. Considerem-no um empréstimo. Mas saibam: esta mina é a minha casa, e eu sou seu guardião. Se algum dia o segredo for quebrado, ou se alguém tentar explorar este lugar com más intenções, eu saberei. E as consequências serão... drásticas."
Ele olhou diretamente para o ferreiro, que assentiu vigorosamente, prometendo lealdade absoluta.
"E você, Naruto," Drako continuou, fixando seus olhos em Naruto. "Esta espada que você possui... ela tem uma essência escura, mas também uma promessa. Use-a com sabedoria. E... venha me visitar de vez em quando. Este velho dragão fica um tanto entediado sozinho."
Naruto abriu um sorriso enorme. "Pode deixar, Vovô Drako! Eu vou visitar sim! E a gente promete guardar o segredo da caverna! É o nosso tesouro, dattebayo!"
Com a permissão do dragão, Naruto e o ferreiro se sentiram um peso imenso ser retirado de seus ombros. Eles tinham não apenas os materiais lendários, mas também a benção (e a ameaça implícita) de um dragão ancestral.
Ao saírem da caverna, sob a luz do sol poente, o ferreiro ainda estava em choque. "Naruto... você... você conhece um dragão ancestral?"
Naruto apenas deu de ombros, com um sorriso travesso. "Ah, ele? É só o Vovô Drako! Ele é tipo um amigo de infância, mas em tamanho gigante, e que solta fogo, e mora numa caverna cheia de minerais lendários. Nada demais, dattebayo!"
O ferreiro suspirou, balançando a cabeça. Ele sabia que sua vida como ferreiro nunca mais seria a mesma. E que Naruto, o garoto barulhento e imprevisível, era muito mais do que aparentava. A bainha da Espada Demoníaca de Flor de Ameixa seria feita, sim. Mas a jornada para criá-la havia revelado segredos muito maiores do que qualquer um poderia imaginar.