Naruto e Aether flutuavam lado a lado no coração do universo recém-criado, a dança das galáxias girando ao seu redor. Aether, com seus olhos prateados e cabelo azul etéreo, absorvia cada nuance do vasto domínio que agora seria seu. Havia uma serenidade em sua presença que tranquilizava Naruto, uma certeza de que ele havia escolhido o sucessor certo.
"O legado é teu, Aether," Naruto disse, sua voz carregando um tom de despedida que ressoava por eons. "Guia estas estrelas, nutre estas vidas e compreende que a destruição é apenas o prefácio de uma nova criação. Não te esqueças da sabedoria do Vazio, nem da importância da balança."
Aether inclinou sua cabeça. "Teu propósito é claro, Criador. O universo que moldaste será bem cuidado. Tua busca por aquilo que chamas de 'casa' é um anseio que eu compreendo, embora não possa compartilhar. Que tua jornada seja tão significativa quanto a criação que deixas."
Não havia tristeza na voz de Aether, apenas uma profunda compreensão. Ele era um ser de puro propósito, nascido para essa responsabilidade. A ausência de emoções humanas complexas tornava-o o regente perfeito para um domínio tão vasto.
Naruto sentiu um pingo de paz. Não era a mesma conexão que ele ansiava com sua família, mas era um tipo diferente de realização, a satisfação de ter cumprido sua mais grandiosa criação. Ele havia forjado não apenas um universo, mas um guardião digno para ele.
"E o portal, Vazio?" Naruto perguntou, dirigindo-se à presença onipresente que o havia guiado. "Como eu retorno?"
A voz do Grande Vazio ressoou, com uma sabedoria que abrangia toda a existência. "O portal que te trouxe aqui foi uma anomalia, uma fissura gerada por teu próprio anseio. Agora que tens o poder de transcender, podes criar teu próprio caminho de volta. No entanto, lembra-te: a realidade para a qual retornarás é diferente daquela que deixaste. O tempo, para ti, fluiu de uma forma. Para eles, de outra. E tua forma..."
Naruto olhou para suas mãos, para a túnica divina, para o cabelo azul claro e os olhos dourados. Ele havia esquecido como era seu corpo original.
"Eu entendo," ele disse, uma pontada de apreensão, mas também de determinação. Ele não esperava que tudo fosse igual. Ele havia mudado drasticamente. E, ele esperava, as pessoas que ele havia deixado também teriam mudado.
Concentrando-se, Naruto invocou seu poder. Ele não precisava de um portal antigo. Ele seria o portal. Ele visualizou Konoha, a floresta à beira do rio onde havia sido puxado, a energia do chakra que preenchia aquele mundo. Ele não buscou apenas um ponto no espaço, mas um ponto no tempo, o momento certo para sua chegada, onde o impacto seria mais... revelador. Ele imaginou o tecido entre os universos se rasgando à sua vontade, uma ponte entre o infinito e o finito.
Uma luz dourada e azul começou a emanar de seu corpo, tornando-se mais intensa a cada segundo. O manto branco e azul parecia ondular com a energia cósmica que ele estava manipulando. O brilho dos seus olhos dourados se intensificou, um farol de determinação.
Aether se posicionou, sua presença firme, pronto para assumir as rédeas do universo. Ele observou seu Criador, agora seu igual, preparando-se para uma jornada que Aether, em sua natureza divina, não podia conceber completamente: a busca por um lugar ao qual pertencer, não por decreto, mas por aceitação.
O Vazio se abriu. Não era um portal circular de pedra como o que o havia trazido, mas uma fenda brilhante na própria tapeçaria do espaço, um rasgo pulsante de pura energia dimensional. As galáxias ao redor pareceram recuar, abrindo caminho para a passagem do Deus.
Naruto olhou uma última vez para Aether, para o universo que ele havia forjado, um sorriso melancólico em seus lábios. Ele era o Criador, o Deus. Mas estava trocando isso por uma chance de ser apenas Naruto.
Com um último aceno para Aether, um gesto de despedida e transferência de poder, Naruto deu um passo à frente, mergulhando na fenda de luz. O brilho ofuscante o engoliu, e com ele, a figura do Deus da Criatividade desapareceu do universo que ele havia gerado.
O rasgo no espaço se fechou, e o silêncio cósmico voltou, preenchido apenas pelo zumbido harmonioso das galáxias em órbita e pela presença serena de Aether. O novo guardião permaneceu em seu lugar, contemplando a vastidão, pronto para cumprir seu propósito.
Para Naruto, o tempo se distorceu novamente. A viagem foi um borrão de luz, sons e sensações. Ele sentiu sua energia se condensar, sua forma se reajustar. E então, com um baque suave, ele sentiu o chão sob seus pés, um cheiro familiar de terra e folhagens, e o murmúrio distante de um rio.
Ele abriu os olhos. O céu era azul, com nuvens brancas flutuando. Árvores familiares se erguiam ao seu redor. Ele estava de volta.
Mas não era o mesmo. Seu corpo ainda ressoava com o poder que carregava. Suas roupas, no entanto, haviam mudado para algo que lembrava as vestes que usara como Deus, mas adaptadas à uma forma mais humanóide, porém ainda com a túnica branca, o manto azul com os detalhes dourados, e o cabelo azul claro e os olhos dourados. Ele sentiu o peso do poder, e a familiaridade do ar de Konoha.
A poucos metros, ele viu a marca na grama, o local exato onde o portal havia surgido. Havia uma pequena placa memorial ali, gasta pelo tempo, com uma inscrição que ele não conseguia ler de longe.
Naruto Uzumaki estava de volta. Mas não como o garoto que partiu. Ele era o Vazio Criador, de volta ao seu ponto de origem, com um poder que desafiava a própria realidade. E ele estava em Konoha, um lugar que mudara, assim como ele.