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Chapter 43 - Sombras na Estrada e Ecos do Passado.

A carruagem de Lucius e Albert cortava a estrada poeirenta sob um céu cinzento, pesado com a promessa de chuva. O silêncio dentro do veículo era quebrado apenas pelo ranger das rodas e o trote constante dos cavalos. Ambos os homens estavam tensos, seus rostos endurecidos pela preocupação. Haviam deixado a mansão Freimann ao amanhecer, com as despedidas ainda frescas em suas mentes – a mão de Maria apertando a de Lucius, o abraço firme de Elisabeth em Albert, e os olhares apreensivos de Elian e Belle, que pareciam sentir o peso da missão. Vivian e Nico ainda estavam dormindo quando eles partiram.

Lucius, com seus olhos castanho-claros fixos na paisagem que passava, refletia sobre as notícias alarmantes que os haviam impelido a essa jornada. Relatos de feudos vizinhos, antes pacíficos, agora ecoavam histórias de criaturas corrompidas e fenômenos arcanos descontrolados. A Ordo Umbrae estava se movendo, e a cada milha percorrida, a sensação de que estavam se aproximando de algo sinistro se intensificava.

— O ar está diferente — Albert comentou, sua voz grave, quebrando o silêncio. Ele era um homem de poucas palavras, mas sua percepção arcana era tão aguçada quanto sua lâmina. — Uma energia... densa. Como se a própria terra estivesse doente.

Lucius assentiu. — Iria estava certa. Eles estão testando os limites. E o Feudo de Valerius é um ponto focal, com suas minas de cristal. Se conseguirem corromper uma fonte de energia arcana tão pura...

Ele não precisou terminar a frase. A implicação era clara: o reino estaria em perigo iminente. A paisagem começou a mudar. Árvores retorcidas e sem folhas se erguiam como esqueletos contra o céu, e o cheiro de podridão pairava no ar. Aldeias que deveriam estar movimentadas estavam silenciosas, suas casas abandonadas, algumas com marcas de garras e queimaduras arcanas nas paredes.

De repente, um grito agudo rasgou o ar. A carruagem parou abruptamente. — O que foi isso? — Lucius perguntou, já com a mão na empunhadura de sua espada. O cocheiro, pálido, apontou para a frente. — Senhores... há algo na estrada.

À frente, bloqueando o caminho, estava uma criatura grotesca. Era bípede, com cerca de dois metros de altura, a pele cinzenta e enrugada, sem pelos, coberta por protuberâncias ósseas afiadas. Um único olho vermelho brilhava em sua face disforme, e garras longas e afiadas se estendiam de seus membros desproporcionais. Emitia um som gutural, quase um rosnado, enquanto se movia com uma agilidade surpreendente para seu tamanho.

— Uma nova variação — Albert murmurou, desembainhando sua espada. — Mais forte que as últimas.

Lucius saltou da carruagem, sua espada em chamas com Corporalis Elevatio. A lâmina, antes de aço polido, agora irradiava um calor intenso e uma luz alaranjada, as chamas dançando ao longo do gume. A criatura avançou, suas garras rasgando o ar com um som sibilante. Lucius desviou com um movimento fluido, o fogo de sua lâmina deixando um rastro incandescente no ar. Ele atacou, sua espada cortando a carne endurecida da besta, mas a criatura mal pareceu sentir. Um golpe de suas garras atingiu o ombro de Lucius, rasgando sua túnica e deixando uma ferida superficial que fumegava levemente.

— Essa não é como as outras! — Lucius bradou, recuando, sentindo a dor aguda. — É mais resistente! As chamas não a afetam como deveriam!

Albert, com sua calma habitual, fincou a ponta de sua lâmina no chão. O Corpus Fulminis se manifestou, não como uma explosão, mas como uma corrente de energia que percorreu o solo. Raios serpenteantes, de um amarelo vibrante, emergiram da terra, percorrendo o solo em ziguezagues e atingindo as pernas da criatura. A besta urrou, um som de dor e fúria, cambaleando, seu corpo convulsionando sob a descarga elétrica. A pele cinzenta da criatura estalava e soltava fumaça, mas ela não caiu. Era a abertura que precisavam, mas a criatura era mais resiliente do que esperavam.

Lucius aproveitou a distração, avançando com uma série de golpes rápidos e precisos, cada um infundido com a fúria de seu fogo. A criatura, atordoada, tentou revidar, mas seus movimentos estavam lentos e descoordenados. Albert, com um movimento fluido, invocou uma nova onda de raios, desta vez concentrada no único olho da besta. O grito da criatura foi ensurdecedor quando o raio a atingiu em cheio, e ela caiu no chão, debatendo-se por alguns instantes antes de ficar imóvel. Seu corpo começou a se desfazer em uma névoa escura, deixando para trás apenas um cheiro acre de ozônio e podridão.

Os dois homens se entreolharam, ofegantes. A vitória havia sido rápida, mas a criatura era diferente, mais perigosa. — Eles estão evoluindo — Albert disse, limpando o sangue de sua lâmina. — E isso é apenas o começo da jornada.

Lucius olhou para a névoa escura que se dissipava. A ferida em seu ombro ardia, mas a dor física era insignificante comparada à preocupação que sentia. A ameaça era real, e estava se tornando mais forte. Ele pensou em Elian e Belle, em Margareth e Maria, e na promessa de proteger sua família e seu feudo. A jornada seria longa e perigosa, mas eles não recuariam.

★★★

Os dias se arrastavam na mansão Freimann, cada um deles um lembrete da ausência de meu pai e do Conde Albert. O treinamento com Margareth e Belle continuava intenso, mas minha mente estava em outro lugar. A cena na varanda, a mão de Belle na minha, as palavras dela sobre como tudo fazia mais sentido quando estávamos juntos—tudo isso ecoava em minha cabeça, misturando-se com as memórias da minha vida passada. Eu havia me permitido um momento de vulnerabilidade, de quase aceitação, mas a culpa me corroía por dentro.

Eu me sentia um impostor. Como poderia eu, que carregava o peso de uma vida anterior manchada por atos de vingança e uma satisfação sombria na tortura, merecer a pureza e a inocência de Belle? Cada vez que ela sorria para mim, cada vez que nossos olhos se encontravam, uma voz em minha cabeça gritava que eu não era digno. Que eu estava enganando-a, vivendo uma mentira. Eu havia dito a mim mesmo que era Elian agora, mas a sombra de quem eu fui antes se recusava a me deixar em paz.

Durante um dos nossos treinos combinados, minha concentração falhou. Um Arcus Ignis que deveria ter sido impulsionado pelo meu próprio vento se dissipou no ar, e uma barreira de Tumulus Terrae desmoronou antes de se formar completamente. Belle percebeu. Ela sempre percebia. Seus olhos âmbar, geralmente cheios de determinação e brilho, agora me encaravam com uma preocupação que me apertava o peito.

— Elian, o que está acontecendo? — ela perguntou, sua voz suave, mas firme. — Você está distante. Desde aquele dia no jardim... desde que eu disse... — Ela corou levemente, mas não desviou o olhar. — O que está te atormentando?

Eu desviei o olhar, sentindo o rosto esquentar. Era agora. Eu precisava dizer algo, mas como? Como explicar a ela a complexidade da minha existência? Respirei fundo, o ar parecendo pesado em meus pulmões.

— Belle... você... você acredita em reencarnação? — perguntei, a voz quase um sussurro. A pergunta soou estranha, até para mim. Belle franziu a testa, pensativa. Ela olhou para o céu, depois para o chão, e finalmente para mim, seus olhos fixos nos meus.

— Eu... não sei, Elian. É algo que os mestres arcanos mais antigos discutem, mas nunca houve uma prova concreta. Mas... não acho que seja impossível. O universo é vasto e cheio de mistérios que mal começamos a arranhar a superfície. Por que não?

Sua resposta me deu uma ponta de esperança, mas também um medo avassalador. E se ela me rejeitasse? E se ela me visse como um monstro? Engoli em seco, reunindo toda a coragem que tinha.

— E se... e se alguém reencarnasse? — comecei, minha voz tremendo ligeiramente. — Com todas as memórias de uma vida passada. Uma vida... que não foi boa. Uma vida onde essa pessoa fez coisas terríveis. Torturou... matou... mesmo que por vingança. Essa pessoa... ela merece ser feliz? Ela merece sentir... algo puro?

Belle me ouviu em silêncio, seus olhos fixos nos meus, sem piscar. A expressão em seu rosto mudou, de curiosidade para uma melancolia profunda, quase dolorosa. Ela não respondeu imediatamente. Apenas se aproximou, sentou-se ao meu lado e pegou minha mão, apertando-a suavemente. O calor de sua pele era um contraste com o frio que eu sentia por dentro.

— Elian... — ela começou, sua voz baixa, quase um lamento. — Ninguém escolhe nascer. Ninguém escolhe as circunstâncias de sua primeira vida, ou as dores que o moldam. Se alguém reencarnou... se essa pessoa recebeu uma segunda chance... não é para carregar o peso do passado para sempre. A vida... ela é um presente. E cada novo dia é uma oportunidade de ser melhor, de fazer diferente. De encontrar a luz, mesmo que o passado tenha sido sombrio.

Ela apertou minha mão novamente, seus olhos âmbar marejados, mas firmes. — A felicidade... ela não é um prêmio para os perfeitos, Elian. É um direito de quem busca a redenção, de quem se esforça para ser bom, mesmo que carregue cicatrizes. E se essa pessoa... se essa pessoa encontrou algo puro, algo que a faz querer ser melhor... então sim. Ela merece. Mais do que qualquer um. Porque ela sabe o valor disso. Ela sabe o quão precioso é.

As palavras de Belle me atingiram como um raio, mas não um raio de dor, e sim de uma estranha e avassaladora compreensão. Ela não me julgou. Não me rejeitou. Pelo contrário, ela me ofereceu uma perspectiva que eu, em minha própria escuridão, não conseguia enxergar. A melancolia em sua voz, a tristeza em seus olhos, não eram por mim, mas pela dor que eu carregava. E, naquele momento, eu soube que, não importa quem eu tivesse sido, Belle me via como Elian. E isso... isso era tudo o que importava.

★★★

Enquanto eu e Belle navegávamos pelas complexidades de nossos próprios sentimentos e identidades, Iria Talvek, com sua mente afiada e sua dedicação incansável, mergulhava cada vez mais fundo nos mistérios da Ordo Umbrae. A biblioteca da mansão Freimann, com seus tomos empoeirados e pergaminhos esquecidos, tornou-se seu santuário particular. Ela trabalhava incansavelmente, dia e noite, comparando textos antigos, decifrando símbolos e traçando conexões que escapariam à maioria dos estudiosos.

Sua pesquisa não se limitava aos livros. Iria passava horas analisando os fragmentos de cristal escurecido que Lucius havia trazido da capital, e os poucos restos orgânicos das criaturas alteradas que haviam atacado o vilarejo. Ela utilizava pequenos instrumentos arcanos da Torre Branca, lentes de aumento infundidas com artes de percepção e reagentes que revelavam a assinatura energética de cada amostra. Seus olhos, geralmente focados e intensos, brilhavam com a excitação da descoberta.

Uma noite, enquanto eu e Belle estávamos imersos em nosso próprio mundo de treinamento e conversas sussurradas, Iria irrompeu na sala de estar, onde Margareth estava sentada lendo um antigo volume. Seu rosto estava pálido, mas seus olhos ardiam com uma urgência febril. Ela carregava um mapa antigo, desdobrado e marcado com anotações, e um pequeno cristal que pulsava com uma luz fraca e doentia.

— Mestra Margareth! — ela exclamou, sua voz embargada pela emoção. — Eu encontrei! Eu encontrei a conexão!

Margareth, que raramente se abalava, levantou uma sobrancelha, indicando que Iria prosseguisse. Iria apontou para o mapa. — Este é um mapa de antigas linhas de energia arcana, veias de mana que correm sob a terra. E este símbolo... — Ela apontou para um ponto no mapa, idêntico ao símbolo do olho estilizado dentro do triângulo invertido que eu e Belle havíamos encontrado no grimório. — ...este símbolo não é apenas a insígnia da Ordo Umbrae. É também um marcador. Um marcador de um Nexo Arcano primordial!

Margareth se endireitou na cadeira, sua expressão se tornando grave. — Um Nexo Arcano primordial? Isso é... isso é algo que não deveria ser manipulado. São pontos de poder bruto, anteriores até mesmo aos Quatro Selos Fundamentais.

— Exatamente! — Iria continuou, sua voz acelerada. — Eles estão usando esses Nexos para seus rituais. O cristal que Lucius encontrou... ele é um fragmento de um cristal de mana que foi corrompido por um desses rituais. A energia dele está... invertida. E as criaturas... as criaturas não são apenas bestas alteradas. Elas são... são o que acontece quando a Força Vital é drenada e infundida com essa energia invertida. Elas são cascas, impulsionadas por uma fome insaciável de mais Força Vital.

Ela fez uma pausa, respirando fundo. — Mas há mais. Eu encontrei referências a um ritual específico, o Ritual da Convergência Sombria. Ele exige uma grande quantidade de Força Vital e um Nexo Arcano ativo. E o objetivo... o objetivo não é apenas trazer seu ‘deus’. É para quebrar as barreiras entre os planos de existência. Para fundir nosso mundo com o deles.

Margareth fechou os olhos por um momento, absorvendo a informação. — Isso é loucura. É a aniquilação. Ninguém sobreviveria a uma fusão de planos.

— Eles acreditam que sim — Iria respondeu, sua voz sombria. — Eles acreditam que serão os únicos a transcender, a se tornarem parte de algo maior. E o pior... — Ela hesitou, seus olhos fixos no cristal pulsante em sua mão. — O pior é que o próximo Nexo que eles planejam ativar... é o que está sob a mansão Freimann. O jardim interno, a fonte... tudo isso está sobre um ponto de convergência de energia arcana natural. Eles estão se preparando para um ritual em grande escala. E eles estão muito mais perto do que imaginamos.

O silêncio caiu sobre a sala, pesado e opressor. A revelação de Iria não era apenas uma descoberta; era uma sentença. A ameaça não estava apenas se aproximando; ela já estava em seu lar, sob seus pés, esperando o momento certo para se manifestar.

★★★

O ar na mansão Freimann parecia ter se tornado mais denso desde a revelação de Iria. Uma tensão silenciosa pairava sobre todos, uma expectativa sombria do que estava por vir. Margareth havia reforçado as proteções arcanas ao redor da propriedade, mas a sensação de vulnerabilidade persistia. Eu, Belle e Iria estávamos constantemente em alerta, nossos sentidos aguçados, procurando por qualquer sinal da Ordo Umbrae.

Foi durante o jantar, uma noite, que o incidente ocorreu. Maria e Nico estavam na mesa, enquanto Margareth, Belle, Iria e eu discutíamos as últimas descobertas. De repente, um tremor sutil percorreu o chão, fazendo os talheres tilintarem. Não era um terremoto natural; era algo mais... arcano. Vivian, que estava brincando no canto da sala, parou abruptamente, seus olhos azul-marinho se arregalando. — Mamãe... o ar está... estranho — ela sussurrou, apontando para a janela.

Antes que qualquer um pudesse reagir, um som de vidro estilhaçando ecoou do corredor principal. Um rosnado gutural, diferente de qualquer criatura que havíamos enfrentado antes, preencheu o ar. Margareth se levantou instantaneamente, sua mão já brilhando com uma luz esverdeada. — Fiquem aqui! — ela ordenou, sua voz firme, mas com uma urgência que não me passou despercebida.

Mas eu não podia ficar parado. Nem Belle. Os pesadelos, a conversa com Belle, as descobertas de Iria... tudo me impulsionava. Peguei minha espada, Belle desembainhou a dela, e seguimos Margareth, com Iria logo atrás, pronta para auxiliar com seu conhecimento.

No corredor, a cena era chocante. Uma criatura bípede, com cerca de 1,63 metros de altura, estava de pé sobre os cacos de uma janela quebrada. Sua pele era cinzenta e enrugada, sem um único pelo, e garras longas e afiadas se estendiam de seus membros desproporcionais. Um único olho vermelho brilhava em sua face disforme, emanando uma aura de malevolência. Era a mesma criatura que Lucius e Albert haviam enfrentado na estrada, mas agora estava dentro de nossa casa.

A besta rosnou, seus olhos fixos em nós. Margareth agiu primeiro, lançando um Murum Glaciei – uma parede de gelo – que se ergueu entre nós e a criatura. O impacto foi forte, mas a besta, com um urro, começou a arranhar o gelo com suas garras, deixando marcas profundas.

— Essa é mais resistente que as do vilarejo! — Belle exclamou, sua voz tensa. — E mais rápida!

— Precisamos imobilizá-la! — Margareth bradou, já preparando outro feitiço. — Elian, Tumulus Terrae! Belle, Corpus Fulminis!

Eu não hesitei. Invoquei o Tumulus Terrae, fazendo raízes e pedras emergirem do chão, enrolando-se nas pernas da criatura. A besta cambaleou, presa, mas seu olho vermelho brilhou com fúria, e ela começou a rasgar as amarras de terra com uma força surpreendente. Belle, por sua vez, ativou seu Corpus Fulminis. Seus músculos se enrijeceram, seus reflexos se aguçaram, e uma aura de raios amarelos envolveu sua espada. Ela se lançou contra a criatura, a lâmina cortando o ar com velocidade impressionante. Cada golpe era infundido com a energia elétrica, fazendo a criatura urrar e cambalear, mas ainda assim, ela resistia.

— Não está funcionando como deveria! — Belle gritou, recuando após um golpe que mal arranhou a pele da besta. — Ela é muito resistente!

Margareth, vendo a dificuldade, lançou um Lancea Glaciei – uma lança de gelo afiada – que atingiu o ombro da criatura, fazendo-a gritar de dor. Mas ela continuou avançando, seus olhos fixos em Maria e Nico, que observavam aterrorizados da sala de jantar.

— Elian! Belle! Agora! — Margareth gritou, sua voz carregada de urgência. — A combinação!

Eu olhei para Belle. Nossos olhos se encontraram, e uma compreensão silenciosa passou entre nós. Era o momento. Invoquei a Fulmínea da Ira Ígnea. Não era uma simples bola de fogo ou um raio direto. Era uma arte complexa, onde a energia do fogo, da terra e do ar se fundiam, criando uma lança de raio azul que tendia a sair do chão, serpenteando em direção ao alvo. Senti a energia crepitar em minhas mãos, a forma da lança se materializando, pulsando com poder. No mesmo instante, Belle canalizou seu Corpus Fulminis através da minha arte, infundindo-a com seu próprio poder elétrico. A lança brilhou com uma intensidade cegante, uma fusão perfeita de fogo, terra, ar e raio, agora com um brilho amarelo sutil vindo da contribuição de Belle.

Lancei a Fulmínea da Ira Ígnea aprimorada. A lança de energia voou pelo corredor, atingindo a criatura em cheio no peito. O impacto foi massivo. A besta urrou, um som de agonia e fúria, e seu corpo começou a se desintegrar em uma névoa escura, como as outras. Mas desta vez, a névoa era mais densa, mais persistente, e um pequeno fragmento de cristal escurecido caiu no chão, pulsando fracamente.

O silêncio caiu sobre o corredor, quebrado apenas pela respiração ofegante de todos. Maria e Nico correram para nos abraçar, aliviados. Margareth se aproximou do fragmento de cristal, seus olhos estreitos. — É a mesma energia corrompida — ela murmurou. — Eles estão se tornando mais ousados. Isso não foi um acidente.

Iria, que havia observado a luta com uma mistura de fascínio e preocupação, pegou o fragmento com pinças e o examinou. — É uma assinatura mais forte. Mais concentrada. Eles estão tentando abrir um portal menor, um ponto de acesso direto. E este... este era um batedor. Para testar nossas defesas.

Eu olhei para Belle. Nossas mãos se encontraram novamente, um aperto firme. Havíamos lutado juntos, e havíamos vencido. Mas a vitória era agridoce. A ameaça estava dentro de nossa casa, e a cada dia, ela se tornava mais real, mais presente. A ausência de Lucius e Albert pesava, mas eu sabia que, com Margareth, Belle e Iria ao meu lado, não estaríamos sozinhos.

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