{Notas do Autor}
Cometi um pequeno e grande erro no capítulo anterior: a estátua deveria ter olhos cerúleos, mas eu escrevi escarlates.
E isso faz alguma diferença? FAZ! E MUITA! Mas, por enquanto, isso não fará sentido. Ou talvez faça, se você também for um noiado como eu. Afinal, já há algumas pistas...
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[Data ???] - [Horário ???]
[Templo de Selene - ??? - Abismo]
[Lúcio POV]
Logo atrás das colunas, havia uma grande porta dupla prateada, com o adorno de lua crescente, que levava ao templo interno. Logo abaixo da lua, havia uma biga grega, puxada por touros. E bem abaixo da carruagem estava a Terra, com o Céu entre os dois.
Tive que me segurar, mas só um pouco, para não dizer "Toc Toc". Porque, antes que uma merda acontecesse, as portas se abriram. E já que alguém queria a minha presença, eu não poderia deixar esse alguém esperando, né?
Bem, não é como se eu tivesse muitas opções no Abismo...
Atravessei a porta e, ao invés de um salão, câmara, santuário, hall, sala de estar ou quartinho da bagunça, havia um grande e verdejante jardim, rodeando um lago, com uma passarela prateada em volta, e pedras da mesma cor formando um caminho até o lago. Não cheguei a ver o jardim por completo, mas algo me diz que tinha a forma de lua crescente.
HHHMMM... POR QUE SERÁ QUE EU TIVE ESSE PALPITE??? SERÁ QUE ERA PORQUE EU ESTAVA NO TEMPLO DE UMA DEUSA LUNAR??? OU PORQUE O PRINCIPAL SÍMBOLO DELA ERA UMA LUA CRESCENTE???
HHHMMMM... ACHU QUI NUM VAI DÁ PRA SABÊ...
A primeira coisa que me surpreendeu foram as flores prateadas em canteiros espalhados aqui e ali. Enlace lunar, a flor da ilha de Calipso. Me lembrei dos famosos livros do filho novaiorquino de Poseidon com sobrenome do general confederado. Não nego que escorreu uma lágrima do meu olho naquele momento...
{Notas do Autor: Não tem jeito... Toda vez que eu leio A Maldição do Titã, desatino a chorar. Parece bobo, mas eu simplesmente começo a choramingar... Droga, meus olhos já estão lacrimejando, só de lembrar... Senhor Riordan, TU É MUITCHO FODA!}
Então comecei a andar pelas pedras do jardim. Na verdade, isso costuma ser interpretado como ofensa à senhora da casa, e ofender uma titânida não era uma boa ideia. MAS EU NUM TAVA NEM AÍ!!!!
Apesar de todo o templo ser prateado, a grama e os musgos das pedras eram verdes. Haviam algumas roseiras e buganvílias... Azuis? Arbustos e árvores de pequeno porte, uma e outra estátua de bezerro, tochas sobre postes e outras coisinhas que se pode encontrar em um jardim divino. Continuei a andar, até aproximar-me do lago, onde seria a parte negra da lua crescente. Água cristalina, com pedras claras e coloridas no fundo. Haviam até algumas carpas e peixes tropicais nadando. Como essas espécies estavam no mesmo lugar? Mági- Poder divino.
Não fosse o céu completamente negro e sombrio do Abismo, seria um lugar muito agradável.
Continuei a andar ao redor do lago, até que comecei a avistar uma mesa com um forro prateado. Não a notei logo de cara porque encontrava-se atrás de -pasme só- uma árvore quimérica de salgueiro, cerejeira branca e ipê-amarelo. As flores de sakura cresciam no mesmo ramo, de salgueiro, que as flores de ipês. As flores de cerejeira eu entendo, MAS COMO CARALHOS AS FLORES DE IPÊ DESABROCHARAM EM ABRIL? NEM FUDENDO QUE ISSO ERA MÁGICA!
EU REALMENTE PRECISAVA CONVERSAR COM AQUELA DEUSA...
E falando no diabo, a deusa estava sentada com uma acompanhante. Enfim, as duas Selenes se encontraram. Confesso que já imaginava que algo assim poderia acontecer (clichê de animes, sabe.), mas não imaginava naquele momento, já que eu também estava lá. Se nós dois fomos "chamados" para uma conversa, não seria algo como uma revelação de profecia sobre Leninha ser a escolhida. Devia ser algo sobre negócios. Claro, eu só devia estar viajando mesmo.
Apesar do nome, as duas eram completamente diferentes. Minha Selene irradiava gentileza, graciosidade, bondade, doçura, alegria, amor e maravilhas. O tipo de pessoa que sorri com o Sol nas costas, as flores ao redor e música tocando para saudá-la. O olho vermelho não passava de uma minúscula sombra sobre seu charme. Mesmo usando as roupas que improvisei, estava linda, exuberante e...
...
Aquilo...
...
Melhor mudar de assunto antes que eu fale demais...
{Notas do Autor: Vida é foda: ele quer, ela quer, mas o vapu-vapu ainda vai demorar um pouco pra rolar...}
Narrador: "MMMM... CHAMA O DOGGY DO BONK PRO LÚCIO!!! Ah, ele só esqueceu de falar que a namorada é uma yandere."
Autor: "PARA COM ESSA PORRA CARALHO!!!!"
Já a deusa tinha aquele ar de... Bem... O ar de uma deusa, né? Não era a presença sufocante e opressora de um deus da guerra ou coisa parecida, mas a de uma figura divina, respeitável e nobre. O mais engraçado é que ela parecia mais uma deusa que Quetzal e Xolotl. Sabe como é: uma coisa é você admirar uma pessoa. Outra coisa é você conviver com a pessoa.
{Notas do Autor: Quem pegou a referência? Não teve jeito, foi a primeira coisa que veio na minha cabeça.}
Assim como no mito, ela possuía cabelos louros, quase dourados, e trançados, numa coroa de tranças e espinha de peixe, com alguns fios de prata no meio.
{Notas do Autor: Sim, eu pesquisei sobre as diferentes tranças de cabelo. Google não serve apenas pra ver pornôs, meus caros.}
E era só isso que ela se parecia com o mito. A coroa dourada das histórias deu lugar a oito chifres de touro (todos pequenos, é claro. Imagina se fossem do mesmo tamanho!). Seus olhos eram negros, sem poder distinguir o que era pupila ou íris. Sim, ela tinha olhos. Mas talvez fossem de cristal ou algo do tipo. Afinal, já sabemos o que aconteceu com os primeiros olhos...
Trajava um vestido prateado, e parecia contente, ignorando os frios olhos negros. Suas feições eram até bonitas: rosto levemente ovalado, nariz e sobrancelhas finos, bochechas rosadas e lábios claros.
Talvez, se desse uma mudada aqui e ali, ela se pareceria com minha Leninha... Sim, aí estaria perfeita!
Deusa: "Ah, nosso convidado de última hora chegou à festa! Eu não queria te chamar agora, mas minha... Como dizem no Brasil mesmo... Ah, minha xará fez questão! Ela também deixou uma cadeira ao lado. E céus, assim que soube da tua presença, ela falou, exigiu, pediu, quase esperneou, apenas para te ver. Melhor cuidar bem dessa garota, rapaz."
Confesso que a informalidade dela me surpreendeu. Até me lembrar dos gêmeos reptilianos na Terra... É, eu já devia estar acostumado...
Leninha me recebeu com um sorriso. Logo vieram as perguntas de praxe "Como você está?", "Como chegou aqui?" e "Você viu a quimera na entrada?". Ela também me contou que apareceu naquele lugar logo após a Serpe usar os poderes. Até tinha pensado estar num sonho. E depois de acalmá-la, dizendo que estava bem e não tinha certeza de como havia chegado lá, a deusa continuou. Sentei-me ao seu lado, e ficamos de frente para a outra Selene.
Deusa: "Você me surpreendeu rapaz. Nenhum mortal qualquer pode chegar aqui. Mas sendo você o Portador da Matriz Dourada, não duvido de nada absurdo que possa fazer. O miasma daqui já teria o matado, e claro, meu olho a protegeu."
Lúcio: "*sério* Eu não estava planejando vir para o Abismo. Achei que a milady deusa Selene havia me chamado."
Deusa: "*um pouco aborrecida* Por favor, não venha com esses pronomes de tratamento. É nojento, principalmente vindo de alguém que não acredita nos deuses. Claro, não o culpo e, pra falar a verdade, não me importo em ser chamada por você. *sorrindo* Até porque seremos cúmplices! E sobre eu ter te chamado, não foi exatamente isso que aconteceu."
Lúcio: "*tentando manter o rosto sério* Como assim?"
Deusa: "Meus primeiros olhos, como o que está nela, desenvolveram consciência. Claro, ainda estão no nível de uma mosca, mas já é o suficiente para eles entenderem o que é perigoso e defenderem-se disso. E quando digo defender, significa mandar a alma do perigo para a minha casa no Abismo."
Já desconfiava que não estava no meu corpo, mas não imaginava que minha alma fora levada.
Lúcio: "*sério, e um pouco irritado* E se algum espírito, das profundezas do Inferno, tentar me possuir?"
Deusa: "Haha, talvez não saibas, mas és um famoso inscricionista e ótimo em criar selos. Até mesmo no Abismo, suas criações já são conhecidas, como aquelas pelúcias endiabradas e o colete que usas. Não há razão para temer almazinhas. Mas, sobre o que você REALMENTE quer saber: não, o Senhor Abissal não sabe que vocês estão aqui. E mesmo que soubesse, seria inútil. A Matriz protege a tua alma. E eu estou aqui. Não há riscos."
Selene não era uma deusa do conhecimento, mas não era burra. Se até os deuses queriam a Matriz, o Senhor Abissal também. E se ele enviasse um Abissal para tomar o meu corpo e roubá-la...
Isso seria ruim. BEM RUIM...
Lúcio: "Espera, o que quer dizer com 'seremos cúmplices'?"
Selene: 'Ele nem se preocupou com a fama de sadista estar espalhando... Não que eu esteja reclamando. Pelo contrário, é divertido! Uma pena que não sou masoquista para poder aproveitar esse lado... Não! Não posso virar a Darkness!'
{Notas do Autor: Konosuba.}
Deusa: 'Esse sorriso dela *dando um sorriso estranho, mas rápido, totalmente imperceptível*... Somos mais parecidas do que eu gostaria...'
"Querem remover meu olho da senhorita Selene, certo? Eu não posso fazer isso, não mais... MAS! Se me trouxerem o outro olho, a conversa é diferente!"
Lúcio: "Mas pra isso eu teria que roubá-lo do Senhor Abissal! Quer que eu banque o herói de isekai e o derrote?! Ou você tem alguma capa da invisibilidade?"
Deusa: "Claro que não! Era sobre isso que eu conversava com Selene... Aliás, você também pode me chamar de Cíntia, para evitar confusão e manter a discrição. Por mais que Átemis tenha pego o nome, eu também o usava. E sobre como você fará isso, basta entrar no palácio de Horakthy, na capital de Aukhemya.
Ah é mesmo! O palácio de Horakthy está soterrado, logo abaixo daquele muquifo no meio do Palácio Dourado."
Tínhamos informações novas, como a existência de um palácio subterrâneo. Era um tanto estranho, pois a história aukhemyana não falava de um palácio embaixo do outro. Claro, não seria a primeira vez que a história estava errada.
Se bem que as histórias aukhemyanas tinham muita coisa errada e desconexa, mais que o normal...
Selene: "E como você sabia disso? Estava quase falando quando Lúcio chegou. Nem mesmo um deus do conhecimento como Quetzalcoatl poderia ter essas informações."
Cíntia: "*ficando um pouco triste e nostálgica* Eu já vivi em Aukhemya por um tempo, quando tudo ainda era lindo lá. Foi antes das Rainhaperatrizes e as Almas de Monstros serem seladas nas Torres das ilhas do arquipélago aukhemyano, antes dos aukhemyanos da Cidadela da Luz e da Cidadela das Trevas virarem os Celestiais e os Abissais, antes do Deus Soberano ser chamado de tirano e aquele maldito purpurinado virar o Guardião Protetor, antes do meu marido ser gravemente ferido e... *começando a chorar*"
As revelações eram surpreendentes, mas não pude deixar de ficar com um pouco de pena dela. Ela continuou a chorar, até balbuciar algumas palavras.
Cíntia: "*com os olhos vermelhos* M-minha irmã ser m-morta e *chorando novamente*
...
*parando de chorar* esquartejada."
...
...
Selene: "Sua irmã... Você se refere à Eos, a Aurora?"
Cíntia: "*enxugando as lágrimas* Não. Eos não é minha irmã. Ela é amante do meu irmão mais novo Hélio. Minha irmã é Horakthy, Prima Dei Creatio, a Primeira Criação de Deus, e a primeira Soberana de Aukhemya."
...
EU JÁ NUM TÔ ENTENDO COISA ALGUMA... O que era pra ser uma simples conversa com uma deusa, virou uma revelação dos segredos de uma nação, talvez até do mundo. Na verdade... Aquilo tudo não era grande coisa. Nem sei porque fiquei preocupado. NÃO PASSAVA DE TEMPESTADE EM COPO D'ÁGUA!
Cíntia: "*suspirando e murmurando* Pai... Acho que estou ficando muito sentimental. *tentando falar com um tom animado* É inútil remoer o passado. Voltando ao assunto, eu não posso ir para Aukhemya, mas o meu marido pode guiá-los até o palácio de Horakthy. Lá, vocês poderão encontrar a sala do tesouro, com alguns artefatos úteis de Rank Mundial e Primordial."
Lúcio: "Calma aí, como assim 'Artefatos de Rank Primordial'? Ah, deixa pra lá, já imagino. E o que você ganha com isso?"
Cíntia: "Aha! Rapaz esperto! Sim, os Artefatos Primordiais são superiores aos Mundiais. E sim, quero algo de lá. Após minha irmã ser... Bem... Eu procurei pelos pedaços e os guardei no cofre dela, que está escondido no quarto dela. Era o único lugar a salvo daquele canalha com purpurina. Mas antes que eu pudesse levar o cofre, fui banida. *irritada* BANIDA DA MINHA PRÓPRIA TERRA! DA MINHA PRÓPRIA CIDADELA!"
A ira dela não era como a dos outros deuses. Era como se eu... Pudesse entendê-la?
Lúcio: "Banida? Por acaso há algum tipo de barreira capaz de te impedir?"
Cíntia: "Sim, talvez tenhas esquecido, mas um deus não pode invadir o domínio de outro deus. Há algumas exceções, como Hades e Susanowo. Felizmente, isso não é problema para o meu marido."
Lúcio: "Sei. E duvido que você queira os restos mortais da sua irmã só para fazer um enterro."
Cíntia: "Acertou novamente! Mas isso já não é problema seu."
Lúcio: "E até prefiro que não seja.
...
Agora que me lembro... Seu marido não é Endimião?"
Cíntia: "Sim, o que tem ele?"
Lúcio: "Mas ele não está- *arregalando os olhos e empalidecendo*"
Quis continuar e dizer "Dormindo eternamente?", mas, por algum motivo não-tão desconhecido, me lembrei de algo que minha sagaz namorada disse.
"Você viu a quimera na entrada?"
E pelo mesmo motivo, tive uma sensação desconfortável. Não era medo, era a sensação de quando você ignora algo ruim, e esse algo ruim aparece para te assombrar...
...
Esse algo ruim estava me olhando.
...
Então me virei.
...
...
E não havia nada.
Até porque...
Ele apareceu na minha frente, atrás da deusa.
A estátua quimérica tornara-se uma criatura enorme e prateada, com olhos cerúleos. De certo modo, ele lembrava meus Homúnculos.
Cíntia: "*levantando-se, se aproximando da criatura e a tocando com a palma da mão* Este é o meu marido, Endimião."
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{Notas do Autor}
Céus, outro capítulo longo e cheio de blablablá. Aliás, o próximo também será assim.
Pelo menos, após todo esse blablablá, TEREMOS AÇÃO!
Ah, se vocês acham que as revelações pararam por aqui, ESTÃO ERRADOS! AINDA HÁ MUITO A SER DESCOBERTO!
Até mais, galera!