{Notas do Autor}
Este capítulo se passa quando Xolotl atravessa a Porta. Quem presta atenção nos horários e datas nos capítulos já devem ter notado isso.
Mas por que esse negócio do Xolotl é importante? Apenas leiam o capítulo...
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[05/04/2018] - [17:05:18]
[Oceano Atlântico - Aukhemya]
[Xolotl POV]
Mesmo conhecendo as más intenções de Lúcio, decidi atravessar a porta dourada criada por ele. Havia uma sala dourada do outro lado.
Se era o portador da Matriz Dourada ou não, isso não importava. Lúcio ainda não passava de um mero humano. O que um mortal poderia fazer?
Xolotl: '*suspira e sorri timidamente* Estou começando a falar como o meu chefe... Se teve algo que aprendi após guiar tantas almas ao Mictlan... É que jamais devo subestimá-los...'
Mas, assim que entrei na sala, parecia ter perdido o controle do meu corpo, que era o de um simples humano naquele momento.
Xolotl: '*surpreso* Parece que esse cara é ainda mais misterioso do que eu imaginava... E estou numa forma humana... Lúcio realmente tem algo de diferente...'
Os acompanhantes dele estavam sentados ao redor de uma mesa. Eu também me sentei. Ou melhor dizendo, meu corpo se sentou. Exatamente como se outra pessoa o controlasse.
Rapaz: 'Ei, Xolozinho! Deixa a turma e o Lúcio conversando! Venha aqui!'
Fiquei confuso após ouvir uma voz na minha cabeça. Mas logo após essa voz terminar sua fala, minha visão se escureceu. Quando pude enxergar novamente, estava sentado a uma mesa. Esta, porém, muito diferente daquela na sala dourada. Muito mais simples e repleta de comidas e quitandas. Também presentes, um rapaz e uma mulher.
Xolotl: "*confuso* Lúcio? Você está na minha mente? Como- *ficando tenso* Espera... Você não é o Lúcio..."
Rapaz: "Ah, é mais ou menos isso. Digamos apenas que eu sou e não sou o Lúcio. E não, não estou na sua mente. VOCÊ que está na minha."
Fiquei cada vez mais confuso. Mas algo era certo: eu estava com problemas...
Mulher: *limpando a garganta*
Rapaz: "*um pouco atrapalhado* Oops! Desculpa, esqueci de te apresentar! Esta é Vivy. Aproveitando... Quer comer algo? Tem comida mexicana também! Uma cobrinha me contou que vocês amam tamo... temal... Tomala... Ugh... Essa pamonha mexicana!"
Ele me passou um prato de tamales. Realmente pareciam ótimos. Mas... Se eu os comessem...
Rapaz: "Não se preocupe! É diferente da comida do Submundo, que te obriga a ficar na terra dos mortos só por dar uma dentada!"
Ainda estava desconfiado.
Xolotl: "Quem... Ou melhor, o que são vocês?"
Rapaz: "*decepcionado* Uhhh... Parece que apenas os deuses do conhecimento ou os grandes deuses tem uma ideia do que somos. Por enquanto, prefiro que me trate como se eu fosse outro Lúcio, da mesma forma que seu irmão."
Xolotl: "*olhando para Vivy* E ela?"
Rapaz: "Ela é um pouco complicada... Só nós dois conversaremos, já que Vivy fica um pouco impaciente com crianças."
Xolotl: "*irritado* Oi? Está insinuando que eu seja uma criança? Então ela deve ser uma senhorinha bem velha."
A tal Vivy abaixou a cabeça.
Rapaz: "*suspirando* Porra, esse estereótipo de 'gêmeo inteligente, gêmeo burro' tá saturado! Agora você a irritou! Não sabe que jamais deve chamar uma mulher de velha?"
Xolotl: "Com- BLUUGHH"
Antes que pudesse entender as palavras dele, senti um fortíssimo impacto no meu estômago, que me lançou a uma distância considerável. E como estava sentado na cadeira, minha queda foi ainda mais deselegante.
Tentei me erguer, mas não foi necessário. Uma mão, cuja ponta dos dedos se assemelhavam a garras, que espremia meu crânio, me ergueu. Era grande o bastante para parecer um mão humana segurando a cabeça de um chihuahua (vamos dizer apenas que eu tenho um pouco de experiência com essa sensação...)
E enquanto eu era erguido, pude ver como era o ser. Parecia uma mulher. Provavelmente era Vivy. Mas ela também tinha um grande par de asas, várias caudas, oito chifres, inúmeras tatuagens e um brasão dourado flutuando atrás de sua cabeça.
Xolotl: '*surpreso* Um Brasão Divino! Quer dizer que Vivy é uma deusa?'
Então a observei atentamente. Percebi várias outras auras nela. Era uma mistura das auras de insetos, plantas, animais, seres marinhos, máquinas, monstros, dragões, Abissais, Celestiais e até divina.
Xolotl: 'Uma quimera? Quem poderia criar uma quimera assim?'
Finalmente, seu rosto. Realmente era a tal Vivy, mas agora sua pele estava dourada pálida, como eletro. No lugar das íris e pupila, havia uma matriz, que eu não reconheci.
{Notas do Autor: Eletro, electro ou electrum são os nomes da liga de ouro e prata. No caso de Vivy, a proporção desses metais é 50-50 por cento. Pode não parecer, mas essa informação será importante no futuro...}
Vivy: "*sorrindo* Ara ara, o que houve? Por que ficou calado? Será que eu sou feia para os olhos das crianças hoje em dia?"
{Notas do Autor: Desculpa, eu não pude evitar essas duas palavrinhas com 4 As e 2 Rs...}
Sua voz era muito agradável, como o seu sorriso. E devo admitir que ela possuía uma certa beleza...
Mas tinha algo que me incomodava...
Ela não estava nem um pouco feliz. Acho que realmente a aborreci.
E ainda com o mesmo sorriso encantador, ela se abaixou e me pôs no chão. Só então percebi a sua altura de 8 m.
Vivy: "*com um sorriso ainda mais encantador* Não precisa ficar assustado, Xolozinho. Nós te trouxemos aqui para conversar!"
Ela estava de cócoras, e considerando nossa diferença de altura e a sua fala, parecia que eu realmente era uma criança perto de um adulto.
E então...
...
Ela...
...
Me acariciou...
{Notas do Autor: Aquele cafuné no garotinho.}
...
Eu realmente estava sendo tratado como uma criança...
Rapaz: "*tentando segurar o riso* Vivy! Apesar da diferença de idade, Xolotl não é mais criança! Só traga ele para cá para continuarmos a conversa."
Vivy: "*fazendo bico* Tch... Chato. Nem me deixou brincar com o Quetzal da última vez. Não é como se eu fosse devorá-lo. *murmurando* Não dessa vez..."
Se antes já estava confuso e inquieto, eu fiquei ainda mais aflito após a declaração de Vivy. E isso só piorou quando ela decidiu me levar de volta, em seu colo.
Não fosse o fato de seu corpo ser mais duro que Ouro Celestial e sua força maior que a dos brutamontes dos panteões divinos, a vergonha teria me matado. Mas a tensão e o senso de perigo impediram isso.
Ela cantarolava e sorria. O que diabos era aquela mulher para tratar o deus asteca dos monstros e deformidades, guia das almas e vassalo de Mictlan como um pirralho?
Usando uma das caudas, arrumou a cadeira e pôs de volta nela, inesperadamente cuidadosa ao fazer isso.
Ela voltou para sua cadeira, mas na forma anterior de cabelos dourados e olhos vermelhos.
Rapaz: "*sério* Vou direto ao assunto. Sei que você quer libertar Mictecacihuatl do marido dela. Então, quero que vire um subordinado do Lúcio e um dia ela será libertada."
Fiquei boquiaberto. Mesmo sendo um deus, aquilo foi inesperado. Mas só em pensar na imagem da minha senhora se divertindo nos festivais que ela tanto amava...
Valeria a pena vender minha alma imortal para isso?
COM CERTEZA!
Mas...
Xolotl: "Não acho que você possa me garantir isso."
Rapaz: "Tem razão. Não posso. Já que toda hora aparece alguém que me atrapalha, eu não pude me fortalecer. Mas assim que eu encontrar minha futura esposa, isso será questão de anos. Só que..."
Vivy deu o mesmo sorriso encantador, mas dessa vez, ela mostrou os dentes dourados afiadíssimos com runas escarlates.
Já tinha ouvido uma história sobre uma criatura com dentes parecidos. Não tinha um nome, apenas apelidos: Devorador de Mundos, Predador de Deuses, Primeiro Demônio...
Vivy: "*ainda sorrindo* Você deve estar achando que eu sou aquele fracote esfomeado. Ele não é nada perto de mim ou do meu Criador."
O rapaz, sósia do Lúcio, sorriu. Um maldito sorriso tenebroso. Parece que ele era mesmo o Diabo.
Rapaz: "Você nunca teve opções. Como vai ser?"
Eles esconderam os sorrisos distorcidos. Pareciam pessoas normais naquele momento. Então senti algo pingando na minha mão trêmula. Suor. Os dois conseguiram me incomodar...
Xolotl: "*suspira* Tá bom! Eu aceito."
Rapaz: "*sorrindo* Que bom! Você é um deus esperto! Ah, o Lúcio ainda está contando aquela história das irmãs, que você já tá careca de saber. Então fique um pouco e coma algo para recuperar as energias. Nossa conversa deve ter te cansado um pouco."
Eu realmente me sentia fatigado. Então ficamos comendo e conversando por algum tempo sobre coisas triviais. Por exemplo, o que ele planejava fazer após encontrar a tal esposa, algumas maneiras de como ocultar a situação dos outros deuses, a receita do tamale brasileiro que ele chamou de pamonha... Coisas simples assim.
...
Um tempo depois...
Rapaz: "Parece que o Lúcio terminou. Acho que é hora de nos despedirmos. E não esqueça! Bico calado sobre a nossa identidade."
E imediatamente após dizer isso, minha visão se escureceu, e quando voltou, estava na sala dourada, sentado à mesa com os outros amigos do Lúcio. Eu havia recuperado o controle do meu corpo.
Lúcio: "Senhor deus Xolotl, sei que não sou seu humano favorito. Mas tenho um pedido egoísta: ajude-me a desfazer a maldição de Catarina. Imagino que os deuses não podem interferir tão diretamente com os negócios do outro, mas se de alguma forma-"
Xolotl: "*erguendo a palma da mão, sinalizando para que Lúcio se calasse* Já chega. Eu já ouvi toda a história e não estou disposto a ouvir seus planos patéticos. Sei que está tentando me aprisionar no corpo dela, da mesma forma que fez com o meu irmão. Então pare com toda essa baboseira."
Mas voltei a pensar no "acordo" que fiz com o outro Lúcio. Era arriscado virar um dos subordinados dele. Mas seria praticamente suicídio ser contra...
Xolotl: "Dito isso... *suspira e depois sorri* Eu aceito ser aprisionado no corpo de Catarina Izel. Estou em suas mãos agora, Lúcio."
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{Notas do Autor}
Enquanto escrevia esse capítulo, percebi que nosso Lúcio pode acabar evoluindo para um escravista controlador. Aliás, essas chances são altas.
Sei que haverão algumas polêmicas, porque escravidão e pessoas controladoras são assuntos complicados. E cada vez mais os defeitos do Lúcio vão aparecendo. Mas ele é humano, ele tem defeitos. Muitas vezes, mais do que qualidades.
Não vou tratar esse assunto de imediato. Vai ser algo mais sutil, que TENTAREI desenvolver ao longo da história. Então tenham calma.
Óbvio, se vocês não gostarem, tudo bem. Cada um tem a sua opinião.
Até mais, galera!